Foto por Little John no Unsplash
Um dos principais dilemas dos alunos de design de mídia digital é o fato de estarem se preparando para atuar em um mercado e lidar com ferramentas que, quando se formarem, estarão completamente diferentes. Assim, tentar “prever o futuro” é uma atividade essencial. Como as ferramentas vão evoluir? Em quais áreas poderemos atuar? E mais importante: como serão os computadores do futuro? Esse último questionamento é o mais essencial uma vez que é o sistema, ou seja, o computador, que ditará todas as ferramentas, interfaces e atividades que estarão disponíveis.
Como podemos ver em filmes de ficção científica antigos, como De volta para o Futuro, temos a tendência de exagerar um pouco nas previsões. Sempre imaginamos que os dispositivos do futuro terão infinitas possibilidades, que tudo estará a um toque de distância. Porém, a visão que especialistas têm é um pouco diferente.
Mark Weiser faz, em The World is not a Desktop, uma reflexão de como será o computador do futuro. Ele diz que a característica principal será a invisibilidade, ou seja, os computadores não serão intrusivos, a ponto de quase não serem percebidos durante a interação. O autor também discute sobre algumas tecnologias que costumamos considerar essenciais para a tecnologia do futuro, como multimedia, intelligent agents, magic, virtual reality e voice input, porém, diz que todos eles, embora sejam de extrema importância para a tecnologia no geral, não garantem a invisibilidade do computador.
Eu, pessoalmente, concordo com essa fala. Como a tecnologia tende a ser cada vez mais eficiente, a presença de inúmeras funcionalidades apenas garante que o usuário passe mais tempo interagindo com a máquina e menos alcançando seus objetivo. Isso vai contra a linha de evolução tecnológica. Penso que o minimalismo será mais presente ainda no futuro, e não apenas no nível da interface, mas também no nível conceitual. Tudo será mais prático e eficiente, não existirão variáveis durante a interação humano-computador, tudo será “direto ao ponto”.
E, de certa forma, podemos ver que já caminhamos para esse destino. Os UI e UX designers tentam sempre deixar seus produtos o mais otimizados possíveis, ou seja, tentam fazer com que tudo esteja onde o usuário espera.
Talvez o computador do futuro leve em conta os corpos humanos, mas não como na realidade virtual e os “agentes inteligentes”, mas sim como Yuval Noah Harari diz no capítulo 5 de 21 lições para o século 21. Ele diz que “Os humanos têm corpos”, no sentido de sermos mais do que usuários on-line, e sim parte de uma imensa rede social off-line. Talvez o computador do futuro esteja muito mais conectado às relações sociais humanas, uma vez que essas se dão naturalmente, sem nenhum tipo de intromissão.
Então, assim como quase sempre estivemos errados e exageramos sobre o futuro, a previsão de Mark Weiser, justamente por fugir do padrão, é nossa melhor aposta para nos prepararmos para o que vem pela frente.
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